Portugal aposta na diferenciação de produtos hortofrutícolas para cativar mercados

Portugal aposta na diferenciação de produtos hortofrutícolas para cativar mercados

Portugal marca presença, pela oitava vez consecutiva, na feira de frutas, legumes e flores Fruit Logistica, que começa hoje e decorre até sexta-feira, na Alemanha, e aposta na diferenciação para cativar novos clientes.
De acordo com o presidente da Associação para a Promoção de Frutas, Legumes e Flores (Portugal Fresh), responsável pela participação nacional na Fruit Logistica, o segredo está na diferenciação da produção nacional.
"Não conseguimos concorrer em escala, mas conseguimos concorrer em diferenciação. Por vezes, podemos ter produtos que não são tão precoces como os dos nossos vizinhos espanhóis e italianos, mas, se calhar conseguimos uma janela de produção maior, por isso também somos bastante atrativos, estamos em produção durante mais tempo", considerou Gonçalo Andrade.
De acordo com o responsável, o objetivo da associação é manter em número e dimensão a representação nacional e conquistar mercados além do alemão.
"Passam aqui compradores de 140 países. Não estamos a falar só de vir à Alemanha vender para a Alemanha. Desde 2005, quando conseguimos ser o país parceiro da feira, que mantemos mais ou menos quer a área de exposição quer o número de entidades e empresas que trazemos, o que a nós nos parece muito positivo porque a tradição é o país parceiro crescer muito [em representação] e depois, decrescer muito nos anos seguintes", concluiu.
Entre as 41 empresas e associações presentes na feira, encontram-se a PineFlavours, que se dedica à produção de pinhão, e a Organic Nature, que produz alimentos biológicos, presenças habituais no evento. Porém, também há estreias, como é o caso da Pedaços da Natureza, que aproveitou uma lacuna na divulgação do tomate nacional para ganhar espaço no mercado.
"Viemos com o objetivo de vender para países e de procurar outros fornecedores que possam assegurar a produção de tomate quando nós não conseguimos. No ano passado visitámos a feira e ficámos com a ideia de que, em Portugal, existem muitos produtos que interessam e que não são divulgados internacionalmente, como é o caso do tomate" disse à Lusa, Sílvia Lourenço, da Pedaços da Natureza.
Segundo a empresária de Peniche, a marca procura caracterizar-se pela "frescura", efetuando as entregas no dia em que os produtos são colhidos.
"Imagine-se que temos um pedido de um camião para sair hoje, nós conseguimos colher o produto no próprio dia e depois temos um armazém com 60 ou 70 embaladores que vão prepará-lo", exemplificou.
Apesar do seu elevado valor, o pinhão, considerado o "ouro branco" dos frutos secos, continua a ter mercado e a produção não chega para os clientes.
Quem o diz é Pedro Amorim, um dos responsáveis da PineFlavour, que sublinha que o preço do fruto roda os 70 euros por quilograma (kg), valor justificado pelo custo da matéria prima.
"Por cada cada 100 kg de pinha, depois de processada, vamos obter cerca de 2,5 kg de pinhão. O quilo chega, neste momento, ao cliente, a 70 euros. Infelizmente este ano deve sofrer alguma subida devido à escassez da produção, agravada pela seca", vincou.
Apesar de ressalvar que "existe sempre procura para o pinhão", Pedro Amorim garante que o fruto não é muito consumido a nível nacional.
"Existe sempre procura, apesar de não ser um produto ainda muito conhecido a nível nacional porque não é tão barato como noutros países. Se compararmos os graus de consumo deste produto de Espanha para Portugal, consumimos dez vezes menos. Se fomos comparar com a Alemanha, que nem sequer tem este produto no mercado, consumimos 15 vezes menos. Mas é um produto que, normalmente, não tem 'stock', tudo o que se produz acaba por ser consumido", notou.
A PineFlavour quer continuar a aumentar a quota de exportação, sedimentar os clientes conquistados e angariar novos, marcando por isso presença, pelo segundo ano, na Fruit Logistica.
Por sua vez, a Organic Nature quer continuar a divulgar os seus produtos no norte da Europa, efetuando novos contactos que acabam por perdurar, ano após ano.
"Esta é a quarta vez que participamos na feira para darmos a conhecer o nosso produto no norte da Europa. Acabamos sempre por fazer alguns contactos, que conseguimos manter ao longo do tempo", indicou Susana Barbosa, uma das responsáveis pela empresa de produtos biológicos.
Segundo a empresária, as "boas" condições climatéricas, aliadas à qualidade dos produtos e ao estudo individual dos clientes, marcam a diferença.
"Em 2017 produzimos 150 toneladas de mirtilos, 200 de castanha, 100 de figo-da-índia e 150 de kiwi. No total exportámos 85% da nossa produção", disse.
Às 25 empresas nacionais presentes na Fruit Logistica juntam-se parceiros e associações, como a maçã de Alcobaça, a Associação Portuguesa da Castanha e a Associação Nacional de Produtores da Pera Rocha, totalizando o lote de 41 entidades presentes.
Em termos globais, as exportações de frutas, legumes e flores aumentaram 16%, nos primeiros 11 meses de 2017, face a 2016, para 1.366 milhões de euros
No período de referência, os principais destinos dos produtos portugueses foram Espanha (418.566 milhões de euros), França (165.690 milhões de euros), Reino Unido (127.220 milhões de euros), Holanda (112.100 milhões de euros) e Alemanha (89.044 milhões de euros).
Associação para a promoção das frutas, legumes e flores prevê atingir 2.000 milhões de euros de exportações até 2020. 
In: https://www.dn.pt/lusa/interior/portugal-aposta-na-diferenciacao-de-produtos-hortofruticolas-para-cativar-mercados-9103586.html

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