Sabia que existem no Cadaval duas empresas de produção de cogumelos?

Sabia que existem no Cadaval duas empresas de produção de cogumelos?


Gazeta das Caldas
Sabia que no concelho do Cadaval há duas empresas que se dedicam a produzir cogumelos? Gazeta das Caldas dá-lhe hoje a conhecer a Algubio (em Alguber) e a Companhia dos Cogumelos (Palhoça), duas realidades distintas em torno de um mesmo produto.
OS COGUMELOS DA PALHOÇA…
Gazeta das Caldas
Da Palhoça já saiu um cogumelo com 1,3 quilos
Os cogumelos têm muitas propriedades benéficas para a saúde e podem ser comidos em várias receitas, como em hambúrgueres e bruschetta, polenta ou strogonoff. Numa breve pesquisa pela internet é fácil encontrar pratos de carne, peixe, sopas, saladas, arroz e massas com cogumelos, que também se podem comer apenas com queijo. Em Lisboa há até um restaurante em que todos os pratos – incluindo as sobremesas – têm cogumelos. Chama-se Santa Clara dos Cogumelos e fica junto ao Panteão Nacional.
Gazeta das Caldas visitou a HF – Companhia dos Cogumelos, na Palhoça, um espaço com dez salas de produção de cogumelos brancos da espécie Agaricus Bisporus.
Fundada em 1991, a empresa foi adquirida pelos actuais proprietários – o casal Paulo Horta e Susana Faustino – em Outubro de 2015. Os novos proprietários fizeram obras e alteraram o método produtivo.
Em vez de produzirem o composto onde os cogumelos se desenvolvem, encomendam-no de Espanha. O substrato (uma mistura de palha com estrume de galinha, mas que não cheira mal) já vem com o fungo que irá originar os cogumelos.
É-lhe adicionada terra em cima e depois regada e mantida a uma temperatura a rondar os 25 graus. O controlo da temperatura é muito exigente, obrigando os refrigeradores a trabalhar com muita regularidade. Um dos maiores cuidados é manter a humidade no chão.
Cada saco de composto é mantido com terra durante sete dias e com o passar do tempo vai-se vendo o fungo a evoluir e a desenvolver-se. A partir daí começa a fase chamada indução, em que se vai baixando gradualmente a temperatura para o fungo começar a germinar.
Ao fim de 12 dias os cogumelos estão prontos para ser colhidos, o que é feito em três fases. A primeira florada (colheita) dura quatro a cinco dias para ser apanhada. Depois todos os tabuleiros são limpos e é feita uma pausa de quatro dias em que a rega se mantém. Segue-se a segunda florada e depois de uma pausa de mais sete dias, a terceira e última que utiliza aquele composto. No total, cada sala rende cerca de 3000 quilos nas três floradas.
Apanhar os cogumelos exige muito cuidado porque são bastante frágeis. Para os colher é necessário rodar, puxar e, por fim, cortar a raiz. Aqui os cogumelos são directamente apanhados para as caixas ou couvetes, para minimizar os estragos.
Daí seguem para a sala de embalamento, que tem uma câmara frigorífica onde ficam até serem transportados. Por ano saem daqui cerca de 378 toneladas de cogumelos, que são vendidos ao público a 3,50 euros o quilo.
Susana Faustino conta que os cogumelos “são tratados como meninos pois é preciso ver todos os dias como eles estão”, o que inclui sábados e domingos. Diariamente, os níveis de humidade, temperatura e dióxido de carbono são medidos, registados e adaptados. Além disso, “a sala de cogumelos tem de estar tão higienizada como uma sala de cirurgia”.
O processo é biológico e a única coisa que é adicionada aos tabuleiros é água.
A distribuição também fica a cargo da empresa, que tem quatro carrinhas. Actualmente a HF tem 12 funcionários na parte dos cogumelos e mais três dedicados à agricultura (pomares de maçã e pêra).
Gazeta das Caldas
Na Companhia dos Cogumelos, na Palhoça, trabalham 12 pessoas
“Tenho clientes para comprar tudo o que produzimos”, esclareceu a empresária, notando que se conseguisse produzir mais, mais venderia. Só não produz mais porque tem dificuldade em recrutar recursos humanos. “Não há transportes públicos das Caldas para aqui de manhã e o último para lá passa aqui por volta das 14h30”, queixou-se Susana Faustino.
A Companhia dos Cogumelos recebe estudantes de hotelaria e crianças das escolas primárias do concelho que ali vão aprender este processo produtivo.
Nas Caldas estes cogumelos estão à venda no E’Leclerc, na Frutaria Tavares e na Mercearia Rural (junto ao Centro de Saúde).

…e os cogumelos de Alguber

Gazeta das Caldas
O jovem Ricardo Pratas criou um negócio na sua terra (Alguber). Na Algubio, os cogumelos alimentam-se da madeira
Em Alguber encontramos a Algubio, que se dedica aos cogumelos Shitak. A empresa foi criada por Ricardo Pratas, um jovem empreendedor de 31 anos que é natural daquela localidade, mas que estudou em Lisboa e reside nas Caldas.
É num antigo aviário que estava desactivado que nos recebe. Lá dentro está a sua exploração, feita em troncos de madeira. Vemos dezenas de troncos de eucalipto amontoados pois é neles que os fungos são incrustados para ali germinarem.
Este método, ao contrário do anterior, utiliza menos energia e menos água e representa um investimento inicial mais baixo. Apesar de não ser tão produtivo quanto o método que utiliza a serradura, este é menos industrial e menos permeável, o que obriga a um controlo de humidade e temperatura menos frequente.
O projecto foi iniciado em 2015, mas a produção começou em 2016 com a colocação de umas cavilhas com o fungo em buracos feitos nos troncos. Esses fungos irão colonizar a madeira e desenvolver-se em oito a 18 meses. Assim, a comercialização de cogumelos biológicos certificados começou em 2017.
A humidade tem de ser mantida em valores a rondar os 40%, o que obriga a um controlo que é feito pelo peso da madeira. É para isso que serve o sistema de rega que Ricardo Pratas instalou, com a ajuda do pai. O empresário trata de todo o processo. Vai cortar a lenha e depois coloca-lhe as tais cavilhas. No antigo aviário tem também um sistema de nebulização, para reduzir a temperatura quando chega o tempo quente.
Por outro lado, para facilitar o processo, na altura em que os cogumelos se vão começar a formar, em vez de uma rega prolongada, dá um banho aos troncos num tanque que adaptou da apanha da uva para este fim.
Os troncos são então estendidos em estruturas de ferro e os cogumelos vão nascendo. No Verão, depois desse banho, demoram cerca de quatro dias a começar a nascer. No Inverno levam perto de duas semanas.
Os troncos têm ciclos de três anos. Depois disso é necessário substitui-los. Se tudo correr bem, cada tronco com cerca de 10 quilos irá produzir 2,5 quilos de cogumelos durante três anos.
A Algubio tem 110 pilhas, com uma produção anual a rondar os 1500 quilos. A medida mais vendida é o meio quilo, que custa 5 euros.
O jovem empreendedor também já experimentou fazer farinha com os seus cogumelos desidratados e moídos e que foi utilizada para fazer uma sopa. “Gostava de fazer mais”, disse o jovem à Gazeta das Caldas.

PLANTAS AROMÁTICAS E FLORES COMESTÍVEIS
Ricardo Pratas é natural de Alguber. Tirou Engenharia de Energia e Ambiente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Estagiou numa empresa em Águeda, onde começou a sua vida profissional. Mas não se sentia realizado e decidiu apostar em algo que sempre tinha tido vontade de fazer: um projecto agrícola.
Entre as suas opções decidiu começar com os cogumelos. Arrendou uma antiga pecuária, também em Alguber, que foi o primeiro espaço e que hoje é utilizado como laboratório de experiências.
Foi ali que tudo começou, mas hoje, dentro daquelas paredes encontramos uma produção diferente. Os cogumelos são da espécie Hypsizygus Ulmarius e o método de organização (com os troncos em triângulo) também é diferente. Neste laboratório Ricardo Pratas experimenta ainda diferentes tipos de madeira.
Mas a empresa não se dedica apenas aos cogumelos. O objectivo é “não ter tudo investido num produto para não estar tão vulnerável” às oscilações do mercado.
Assim, Ricardo Pratas pretende produzir e vender plantas aromáticas e flores comestíveis, num terreno contíguo à antiga pecuária. Aproveita a água, que escorre para uma antiga fossa, que hoje é um depósito de água (para a aproveitar para rega).
Outra aposta foram os medronheiros. Já plantou três hectares e pretende chegar à dezena. Além disso, no futuro o empresário quer ter um pomar biológico que traga de volta algumas variedades de fruta da região que deixaram de ser plantadas.
Ainda que o objectivo seja o crescimento, Ricardo Pratas não quer colocar em causa a qualidade do seu produto, pelo que pretende ter um foco mais local, reduzindo os impactos ambientais, económicos e na qualidade do produto que a cadeia de distribuição tradicional implica.
Nas Caldas os cogumelos da Algubio podem ser adquiridos na Bio’s – Mercado Biológico na Rua Coronel Soeiro de Brito (perto da Rodoviária).
Durante a Feira dos Frutos deste ano, a empresa terá um tronco em exposição no espaço da Cooagrical.

In: https://gazetacaldas.com/sociedade/sabia-que-existem-no-cadaval-duas-empresas-de-producao-de-cogumelos/

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