Sabia que existem no Cadaval duas empresas de produção de cogumelos?
Sabia que existem no Cadaval duas empresas de produção de cogumelos?
OS COGUMELOS DA PALHOÇA…

Gazeta das Caldas visitou a HF – Companhia dos Cogumelos, na Palhoça, um espaço com dez salas de produção de cogumelos brancos da espécie Agaricus Bisporus.
Fundada em 1991, a empresa foi adquirida pelos actuais proprietários – o casal Paulo Horta e Susana Faustino – em Outubro de 2015. Os novos proprietários fizeram obras e alteraram o método produtivo.
Em vez de produzirem o composto onde os cogumelos se desenvolvem, encomendam-no de Espanha. O substrato (uma mistura de palha com estrume de galinha, mas que não cheira mal) já vem com o fungo que irá originar os cogumelos.
É-lhe adicionada terra em cima e depois regada e mantida a uma temperatura a rondar os 25 graus. O controlo da temperatura é muito exigente, obrigando os refrigeradores a trabalhar com muita regularidade. Um dos maiores cuidados é manter a humidade no chão.
Cada saco de composto é mantido com terra durante sete dias e com o passar do tempo vai-se vendo o fungo a evoluir e a desenvolver-se. A partir daí começa a fase chamada indução, em que se vai baixando gradualmente a temperatura para o fungo começar a germinar.
Ao fim de 12 dias os cogumelos estão prontos para ser colhidos, o que é feito em três fases. A primeira florada (colheita) dura quatro a cinco dias para ser apanhada. Depois todos os tabuleiros são limpos e é feita uma pausa de quatro dias em que a rega se mantém. Segue-se a segunda florada e depois de uma pausa de mais sete dias, a terceira e última que utiliza aquele composto. No total, cada sala rende cerca de 3000 quilos nas três floradas.
Apanhar os cogumelos exige muito cuidado porque são bastante frágeis. Para os colher é necessário rodar, puxar e, por fim, cortar a raiz. Aqui os cogumelos são directamente apanhados para as caixas ou couvetes, para minimizar os estragos.
Daí seguem para a sala de embalamento, que tem uma câmara frigorífica onde ficam até serem transportados. Por ano saem daqui cerca de 378 toneladas de cogumelos, que são vendidos ao público a 3,50 euros o quilo.
Susana Faustino conta que os cogumelos “são tratados como meninos pois é preciso ver todos os dias como eles estão”, o que inclui sábados e domingos. Diariamente, os níveis de humidade, temperatura e dióxido de carbono são medidos, registados e adaptados. Além disso, “a sala de cogumelos tem de estar tão higienizada como uma sala de cirurgia”.
O processo é biológico e a única coisa que é adicionada aos tabuleiros é água.
A distribuição também fica a cargo da empresa, que tem quatro carrinhas. Actualmente a HF tem 12 funcionários na parte dos cogumelos e mais três dedicados à agricultura (pomares de maçã e pêra).

A Companhia dos Cogumelos recebe estudantes de hotelaria e crianças das escolas primárias do concelho que ali vão aprender este processo produtivo.
Nas Caldas estes cogumelos estão à venda no E’Leclerc, na Frutaria Tavares e na Mercearia Rural (junto ao Centro de Saúde).
…e os cogumelos de Alguber

É num antigo aviário que estava desactivado que nos recebe. Lá dentro está a sua exploração, feita em troncos de madeira. Vemos dezenas de troncos de eucalipto amontoados pois é neles que os fungos são incrustados para ali germinarem.
Este método, ao contrário do anterior, utiliza menos energia e menos água e representa um investimento inicial mais baixo. Apesar de não ser tão produtivo quanto o método que utiliza a serradura, este é menos industrial e menos permeável, o que obriga a um controlo de humidade e temperatura menos frequente.
O projecto foi iniciado em 2015, mas a produção começou em 2016 com a colocação de umas cavilhas com o fungo em buracos feitos nos troncos. Esses fungos irão colonizar a madeira e desenvolver-se em oito a 18 meses. Assim, a comercialização de cogumelos biológicos certificados começou em 2017.
A humidade tem de ser mantida em valores a rondar os 40%, o que obriga a um controlo que é feito pelo peso da madeira. É para isso que serve o sistema de rega que Ricardo Pratas instalou, com a ajuda do pai. O empresário trata de todo o processo. Vai cortar a lenha e depois coloca-lhe as tais cavilhas. No antigo aviário tem também um sistema de nebulização, para reduzir a temperatura quando chega o tempo quente.
Por outro lado, para facilitar o processo, na altura em que os cogumelos se vão começar a formar, em vez de uma rega prolongada, dá um banho aos troncos num tanque que adaptou da apanha da uva para este fim.
Os troncos são então estendidos em estruturas de ferro e os cogumelos vão nascendo. No Verão, depois desse banho, demoram cerca de quatro dias a começar a nascer. No Inverno levam perto de duas semanas.
Os troncos têm ciclos de três anos. Depois disso é necessário substitui-los. Se tudo correr bem, cada tronco com cerca de 10 quilos irá produzir 2,5 quilos de cogumelos durante três anos.
A Algubio tem 110 pilhas, com uma produção anual a rondar os 1500 quilos. A medida mais vendida é o meio quilo, que custa 5 euros.
O jovem empreendedor também já experimentou fazer farinha com os seus cogumelos desidratados e moídos e que foi utilizada para fazer uma sopa. “Gostava de fazer mais”, disse o jovem à Gazeta das Caldas.
PLANTAS AROMÁTICAS E FLORES COMESTÍVEIS
Ricardo Pratas é natural de Alguber. Tirou Engenharia de Energia e Ambiente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Estagiou numa empresa em Águeda, onde começou a sua vida profissional. Mas não se sentia realizado e decidiu apostar em algo que sempre tinha tido vontade de fazer: um projecto agrícola.
Entre as suas opções decidiu começar com os cogumelos. Arrendou uma antiga pecuária, também em Alguber, que foi o primeiro espaço e que hoje é utilizado como laboratório de experiências.
Foi ali que tudo começou, mas hoje, dentro daquelas paredes encontramos uma produção diferente. Os cogumelos são da espécie Hypsizygus Ulmarius e o método de organização (com os troncos em triângulo) também é diferente. Neste laboratório Ricardo Pratas experimenta ainda diferentes tipos de madeira.
Mas a empresa não se dedica apenas aos cogumelos. O objectivo é “não ter tudo investido num produto para não estar tão vulnerável” às oscilações do mercado.
Assim, Ricardo Pratas pretende produzir e vender plantas aromáticas e flores comestíveis, num terreno contíguo à antiga pecuária. Aproveita a água, que escorre para uma antiga fossa, que hoje é um depósito de água (para a aproveitar para rega).
Outra aposta foram os medronheiros. Já plantou três hectares e pretende chegar à dezena. Além disso, no futuro o empresário quer ter um pomar biológico que traga de volta algumas variedades de fruta da região que deixaram de ser plantadas.
Ainda que o objectivo seja o crescimento, Ricardo Pratas não quer colocar em causa a qualidade do seu produto, pelo que pretende ter um foco mais local, reduzindo os impactos ambientais, económicos e na qualidade do produto que a cadeia de distribuição tradicional implica.
Nas Caldas os cogumelos da Algubio podem ser adquiridos na Bio’s – Mercado Biológico na Rua Coronel Soeiro de Brito (perto da Rodoviária).
Durante a Feira dos Frutos deste ano, a empresa terá um tronco em exposição no espaço da Cooagrical.
In: https://gazetacaldas.com/sociedade/sabia-que-existem-no-cadaval-duas-empresas-de-producao-de-cogumelos/
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